Eduardo Pena

o-ano-de-eduardo

Fim de ano é sempre ocasião de avaliarmos a nossa vida. É nesta época que muitas pessoas fazem a retrospectiva do ano. Reveem os momentos mais importantes e assim podem avaliar se foi bom ou se foi ruim. O Facebook, sabedor desse interesse das pessoas em se avaliar, montou, por ele mesmo a retrospectiva dos seus usuários.

Aí, comecei a perceber que as pessoas começaram a postar cada uma sua retrospectiva do ano, inclusive me agradecendo por fazer parte dele (apesar de não ter me localizado em momento algum apresentado pela retrospectiva). Me peguei um pouco decepcionado, pois vi que de fato, pela retrospectiva do “Face”, eu havia contribuído pouco para a felicidade das pessoas.

Eu também recebi a minha Retrospectiva prontinha. Confesso que fiquei ainda mais decepcionado. Para o Facebook meu ano se resumiu a poucas fotos e poucos fatos – inclusive colocou lá alguma coisa que não tinha muito a ver comigo. Mas tudo bem, sei bem o papel do Face na minha vida.

Se não bastasse esses momentos de frustração, comecei a receber uns “filminhos” que o próprio Facebook criou. Acessei o vídeo de um dos meus amigos (este real, pois nossa amizade é para além e para aquém do Facebook). Do que vi, já achei um pouco mais interessante. É um pequeno vídeo, com fotos se movendo de um-lado-para-outro e uma música bonitinha rolando. Assim, fui ver se achava o “videozinho” da minha retrospectiva.

Decepção total. Simplesmente não tenho o tal “videozinho”. E o próprio Facebook respondeu a minha dúvida de por que não estou vendo um filme de Retrospectiva?:

“Se você não estiver vendo um filme de Retrospectiva pode ser pelo fato de você não ter realizado muitos compartilhamentos no Facebook. Dependendo de quanto tempo você esteve no Facebook e do quanto você compartilhou, você irá assistir um vídeo, uma coletânea de fotos ou um cartão de agradecimento.”

Simplesmente não terei o filminho porque vivi pouco no seu ambiente. Tenho apenas um cartão de agradecimento com poucas fotos. O “Face” não encontrou material suficiente para produzir um filme sobre o que foi a minha vida nos últimos meses. O “Face” só é conhecedor da vida de quem vive nele.

Ou seja, o vídeo é pra quem viveu intensivamente dentro do seu espaço internético. Tempo e compartilhamento é a chave de uma boa retrospectiva. Experiências compartilhadas com fotos e comentários. Assim, pra quem viveu apenas de forma superficial, parcial e alheia, não tem material suficiente para contar uma história. Como dizem alguns: “Um bom roteiro é tudo!”.

Imaginei o Facebook como uma grande parábola da vida. É uma reflexão sobre o tipo de “material” que temos vivido enquanto vivemos. Que no fim das contas, o que vai importar são os relacionamentos construidos de uma vida intensamente compartilhada com os demais, momento a momento. Tempo e compartilhamento. Exatamente o que Jesus sempre nos disse:

“Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dará muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma… Como o Pai me amou, assim eu os amei; permaneçam no meu amor… para que a minha alegria esteja em vocês e a alegria de vocês seja completa… Eu os tenho chamado amigos… Amem-se uns aos outros.” (João 15).