Eduardo Pena

 

Páscoa é uma das épocas mais alegres/doces do ano. Há muito colorido, encontros…comida!

No sentido lato, Páscoa significa “passagem”. A razão está registrada na história: O contexto é a libertação dos hebreus da escravidão do Egito. Liberdade de uma nação inteira! Da escravidão para liberdade! Liberdade é a aspiração do ser humano! Ser livre para decidir, escolher, desejar… Geralmente pensamos liberdade a partir de nós mesmos. E isso pode ser um limitador.

Intrigante é a afirmação Bíblica de que “Cristo é a nossa Páscoa” (I Co 5:7). Como entender esta afirmativa? É uma metáfora? Uma constatação? Uma revelação? Vejo num relato ocorrido por ocasião da Páscoa, uma janela de entendimento sobre as implicações dos significados da Páscoa. Todos nós conhecemos aquela história de Jesus lavando os pés dos apóstolos. Um gesto inusitado vindo do Mestre. Muito interessante o registro do diálogo entre Pedro e Jesus:

“…derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos seus discípulos, enxugando-os com a toalha que estava em sua cintura. Chegou-se a Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, vais lavar os meus pés? Respondeu Jesus: Você não compreende agora o que estou fazendo a você; mais tarde, porém, entenderá. Disse Pedro: Não, nunca lavarás os meus pés! Jesus respondeu: Se eu não os lavar, você não terá parte comigo.” (João 13:5-8)

Como Jesus é inusitado. Às vezes pode nos parecer que até exagerava em algumas ocasiões, como nesta com Pedro. Afinal, a atitude de Pedro de não querer ter seus pés lavados pelo Mestre é até bem compreensível. Pedro era mesmo um sujeito de atitudes fortes que sempre falava o que sentia e pensava. Era livre na sua impulsividade e por isso, se atrevia, se adiantava, ousava. Era do tipo que confiava muito em si mesmo e no modo como via as coisas. Ele achou completamente impróprio que Jesus lavasse seus pés.

Fico imaginando se o Mestre não queria mesmo era provocar algum desconforto em Pedro. Se Pedro não tivesse seus pés lavados, seu coração não seria tocado. Seu paradigma de confiante em si mesmo permaneceria. Enquanto não compreendeu, Pedro continuou sendo vítima de seu próprio coração. A atitude de Jesus o perturbou, justamente num jantar de Páscoa.

Somos como Pedro! Falta-nos o constrangimento de olhar para baixo e ver Jesus de joelhos lavando nossos pés. Será que conseguimos imaginar que, simbolicamente, estávamos lá, tendo os pés lavados pelo Mestre?

Talvez falhemos nos gestos de solidariedade e caridade porque ainda não vimos claramente Jesus lavando nossos pés. Se compreendermos isso… Seremos pessoas melhores, mais humildes, mais úteis e experimentaremos uma vida mais leve. A inversão do gesto de Jesus indica o tipo de “passagem” que precisamos em nossa vida: Páscoa é deixarmos ser lavados pelos valores do compartilhamento, generosidade, simplicidade… e isso inclui usarmos a nossa liberdade em favor de alguma causa fora da gente mesmo.

Passarmos… irmos além e descobrirmos que a vida é mais… muito mais do que a correria pela busca por poder, dinheiro, reconhecimento e prazer… Não somos perfeitos, mas podemos ser melhores do que somos.

O que estamos esperando? Acredite, você é livre para acreditar… pois Ele – a nossa Páscoa! – continua acreditando em você e em mim! Existe uma utilidade na bacia com água e na toalha em suas mãos que abriu a possibilidade da passagem que transforma eu e você em pessoas mais humanas, libertos de nós mesmos! Feliz Páscoa! Feliz passagem!

*(Inspirado na devocional “O que falta para entendermos” de Usiel Carneiro, Pastor da Igreja Batista Praia do Canto/ES)

Texto Bíblico Utilizado: João 13:5-8