Muito se falou sobre o legado para o Brasil e Rio de Janeiro por ocasião das realizações da Copa do Mundo de Futebol (2014) e Olimpíadas Rio 2016, respectivamente. Eventos como as Olimpíadas sempre promovem algumas histórias que acabam por caracterizar e marcar sua realização. No Rio não foi diferente. Tivemos muitas histórias de superação, de conquistas improváveis, recordes batidos, histórias de confirmação, decepções, perdas, tristezas e alegrias que se misturaram e formaram um bom enredo para marcar nossa memória.
Qual o legado das Olimpíadas do Rio?
Lembrando de dois aspectos que ganharam muito espaço na mídia:
O primeiro são as vaias presenciadas em vários momentos, desde a abertura oficial.
O que é a “vaia”? O que a motivou? A intenção da vaia é desclassificar. Uma vaia sempre busca desqualificar, menosprezar, atingir o outro visando diminuí-lo. O oposto exato do aplauso, da ovação. Não tem “cara” pois se perde na multidão.
Como classificar as vaias da Rio 2016? Alguém chegou a comparar as vaias do Rio com as de Berlim “nazista” (1936). As motivações daquela eram derivadas por uma política de segregação racial em tempos loucos de guerra. Pelo desenrolar dos acontecimentos, as vaias de Berlim deveriam ser, eticamente, um ato natimorto.
É um contrassenso a presença de vaias num ambiente onde se espera apoio ao esforço da superação. Numa olimpíada são os próprios limites do atleta que estão à prova; os mais qualificados buscam a “auto superação” e não uma simples competição para desqualificar o outro. Assim, parece que vaias não combinam com olimpíadas pelo simples fato do conhecido “espírito olímpico” que motiva a realização dos jogos modernos, qual seja, um evento criado para evidenciar o que a humanidade pode fazer de melhor quando se esforça para ser o melhor possível. Não é uma competição para sacramentar os melhores atletas, mas a coroação da superação humana.
Assim, neste sentido, é preferível perder o lugar no pódio se isso for às custas de engodo ou da perda do respeito ao próximo, da esportividade… da força do “fair play”.
As vaias das Olimpíadas do Rio de Janeiro são contra nós mesmos.
O outro aspecto evidenciado foi o comportamento dos atletas da equipe norte-americana de natação – Ryan Lochte, James Feigen, Gunnar Bentz e Jack Congerque – que mentiram propositadamente numa ocorrência policial, dentro daquilo que foi chamado de “vergonha pública”. Mentiram ao alegarem que foram assaltados, imaginando que passariam desapercebidos. Afinal, o que seria mais um assalto numa cidade como o Rio?
A mentira, intencional e intencionada, ficou em evidência justamente por estar dentro do ambiente de uma olimpíada. Eram atletas já medalhados e reconhecidos por terem conseguido tirar o “melhor do ser humano” nas suas modalidades.
Que possamos extrair desses episódios lições que nos melhorem enquanto sociedade. Que o legado da Rio 2016 seja muito além das vaias e das mentiras. Que as medalhas que todos buscam conquistar, brilhem em nosso peito, indo além do bronze, prata e ouro, sendo feitas, independentemente das circunstâncias, de respeito, verdade e fé. Esse é o maior legado para todos nós! Esse é o legado dos vencedores!
Excelente Pena. Nossa cidade sente falta de você.
Um ótimo convite a reflexão pessoal e social.
Parabéns!!
Peninha, você resumiu com clareza o que o povo brasileiro precisa entender. Vaiar por vaiar e ainda não ver como foi linda a festa, independente das mazelas deste ou daquele governo. Foi lindo todas as melhoras de todos os atletas, os que ficaram em 5º, 4º e os que apenas participaram com amor ao Brasil. Os medalhistas foram um presente ao povo, independente da cor da medalha. E aqueles que ainda ouviram o Hino Nacional vendo a Bandeira tiveram lágrimas correndo pelo sacrifício que foi chegar ali.
Parabéns pelo texto e pela sua lucidez. Obrigado.
Pena,
Parabéns pelo texto, pertinente para todos os momentos. Esperemos que o povo brasileiro não deixe o espírito olímpico desaparecer e possa trazer para o seu dia a dia a superação pautada na verdade, na fé e no respeito mutuo.