A briga sobre biografias não autorizadas já rendeu o bom fruto de dar novas caras ao verbete “hipocrisia”. Mas, a mim, fica a pergunta: por que, afinal, ler biografias?
Esqueça o debate do limite à liberdade de expressão – este seque se põe: ela é o valor central da democracia. Aceitar tal debate é qualificar a posição dos tarados por censura, o que não pode ser. O biografado pode alegar tudo, menos desconhecer a curiosidade mórbida do distinto público. Azar dele: se queria intimidade indevassada, não se fizesse alvo dessa curiosidade.
Que diabos há nos bastidores da vida de alguém – artista, político, atleta – que atrai tanto? Muitas vezes o leitor sequer conhece a obra do biografado (quantos fãs de Steve Jobs entendem realmente de tecnologia?) A vida dissoluta de Mozart torna sua obra mais sublime? Saber que Newton tinha uma personalidade difícil facilita entender a física? Quantos dos que leram a história de John Nash entendem a teoria dos jogos?
Quem lê biografias, no geral, quer é o detalhe sórdido – proezas sexuais, dramas familiares, crises financeiras. A mediocridade das fofocas. Eleanor Roosevelt disse: grandes mentes discutem ideias; as medíocres discutem pessoas.
Por isso, caro leitor, na próxima vez em que for à livraria, ignore as pilhas de biografias e arrisque uma ida à seção de exatas.
Mais ciência e menos pessoas: assim, você fará da sua uma biografia admirável.
Que tal a Biografia de Jesus Cristo em apenas joão 3,16 !
Olá! Gosto muito de seus textos, mas neste discordo de você. Algumas biografias sao interessantes ate para compreender a obra da pessoa, por exemplo, quando você conhce as obras de Carl Rogers, você entende sua obra técnica, a influencia do evangelho na teoria psicológica humanista que ele tão bem definiu. Colocar tudo no mesmo balaio é no mínimo ousado, sinceramente.